quinta-feira, 21 de julho de 2011

Contos do Adriel - Quando o amor fala mais alto


Não, aquilo não podia estar acontecendo. Eu pensava que a aquela amizade não fosse acabar assim. Sabia que cedo ou tarde meu coração iria se entregar de vez e confessar tudo, gritar para o mundo inteiro que o meu amor era verdadeiro, mas, o destino se intrometeu e fez questão de destruir os meus sonhos.

Tinha planejado o nosso futuro. Além disso, sabia que Carol seria minha amiga para sempre. Só ela me entendia, dava conselhos, brigava, castigava no momento certo... Mas, porque logo agora os meus planos foram frustrados?

Conheci Caroline há 04 anos. Logo que a vi, percebi que seria seu amigo para sempre. A primeira conversa foi esquisita, mas foi mágica. Eu tinha vergonha de conversar com uma pessoa tão linda e perfeita. Sabe quando você fica bobo quando admira algo? Pois é, eu ficava desse jeito... Sem reação nenhuma.

O tempo passava e a única coisa que eu sabia, era que Carol seria minha amiga. Ela era popular na faculdade, mas eu não me importava. Queria apenas a sua amizade. No fundo, eu sabia que eu não gostava dela. Almejava apenas conseguir status e amizades importantes. Isso era o mais importante!

Aos poucos, consegui firma uma grande amizade. No entanto, minha consciência pesou. Eu sabia que era errado, mas não podia posso fazer nada. Ninguém se importava comigo. Julgavam-me por se pobre, não ter roupas de grifes, tampouco viajar, nas férias, para lugares fora do país. Sempre fui revoltado com isso. Com a Carol foi diferente. Eu não sentia raiva dela, ao contrário, gostava a cada dia do seu jeito de agir e pensar.

Carol sempre foi honesta, apesar de rica sempre deu importância aos pobres. Eu sabia que ela não merecia minha amizade.

Eu morava numa favela. Não tinha dinheiro para comer. Só estava na faculdade porque ganhei uma bolsa, senão hoje estaria roubando. Sempre sonhei em ser médico. Mas, minha condição financeira apontava que sempre seria um pobre, morto de fome.

Passei um tempo sem ir à faculdade. Não agüentava mais ser caçoado. Quando eu chegava ao portão todos me chamavam de idiota, mendigo, pobre... Nomes que nenhuma pessoa gostava, e admitia, que alguém a chamasse. Para minha alegria, Carol me defendia.

- Vocês não têm outra coisa pra fazer a não ser fazer graçinhas idiotas com o Edson? – dizia Carol

- O que foi? Agora vai virar Princesa dos mendigos? Cuidado, você pode virar uma gata molambenta igual a esse aí! – afirmou Gustavo, o filho do prefeito.

Diante dessas situações, o que me restava era apenas desistir do meu futuro.

No dia do meu aniversário, ganhei um buquê de flores. Não precisa explicar de quem foi, né? Se você pensou na Carol, acertou!

Nunca pensei que alguém se lembraria de mim, tampouco do meu aniversário. Ficou muito agradecido. Jamais me esquecerei daquele aniversário!

Convidei Carol para entrar na minha casa, que ficava no Morro do Seu José, a 20 km da cidade. Ela aceitou. Ficamos conversando horas e horas, até que ela veio com a notícia de que tinha uma doença séria. Fiquei boquiaberto. Não sabia o que dizer.

Minha amiga tinha leucemia. A doença estava avançada. Ela necessitava urgente de alguém compatível com o sangue dela, o+, mas até o momento não encontrará ninguém! Depois de ouvir isso, fiquei muito feliz. Meu sangue era o mesmo que o dela.

No mesmo dia, fomos de imediato para o hospital. Fiz a doação de sangue e logo a transfusão de sangue foi feita. Tudo ocorreu bem.

Depois de recuperada, Carol queria conversar comigo. Eu confessei para ela o porquê de querer ser amigo dela. Ela ficou em estado de choque, mas entendeu minha posição. Porém, ela não queria mais me ver. Disse que jamais me perdoaria. Uma linda amizade estava terminando.

Não adianta sermos bonzinhos sempre. Nesta vida, sempre se sai bem quem é esperto. Eu “salvei” a vida da Carol, mas mesmo assim ela não me perdoou. É assim... Nós aprendemos  com os nossos erros.

Hoje, Carol está curada. Não me dá bola. Mesmo assim eu sou feliz, pois sei que salvei a vida dela, e jamais queria fazer algum mal para ela!


                                                           by:Adriel Christian

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